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Olhei para um fino espelho de prata e só vi minha imagem, olhei por uma tosca janela e vi o mundo.

Textos


A MAGIA DAS RUAS

Se você ficar ligado encontrará nas ruas das grandes cidades, figuras fantásticas saídas de contos de fadas ou dos livros de Monteiro Lobato, irmãos Grimm, Lewis Carrol ou Mark Twain. Sacis se equilibrando na única perna que têm,  anões vestidos de super-herois distribuindo panfletos promocionais, músicos de rua tocando animados sambas, estátuas vivas e de bronze, travestis de Xuxa dublando: "tá na hora, tá na hora de brincar", sósias de Tim Maia, cantando "chocolote, chocolate, eu só quero chocolate" além loucos de toda espécie. É essa percepção que faz vc sair do lugar comum do pragmatismo neoliberal de ser apenas um consumidor. A magia nos cerca contanto que nos desliguemos de uma realidade que nos empurra para a eficiência e a robotização de nossas ações e atitudes.

Tentei desviar o olhar de lojas e suas vitrines iluminadas com intermitentes lâmpadas fluorescentes, oferencedo-me toda sorte de bugigangas com descontos; em vez disso olhei para as pessoas que me cercaram numa multidão. Diminui minhas passadas e olhei atentamente para cada rosto, cada corpo, tentando imaginar o que fazem em suas vidas, depois agucei a audição e ouvi violinos, saxofones, violões, clarinetes. Parei, ouvi com redobrada atenção, e  conversei com cada um dos músicos anônimos, dei-lhes algum dinheiro. Encontrei em cada uma dessas pessoas  uma magia que transcendia a minha condição de um transeunte perdido, andando a passos apressados, rumo apenas ao meu insignificante destino final. Finalmente, terminei minha jornada,  sentando-me num banco de  uma praça bem arborizada e não fiz mais nada, deixando apenas a natureza ser...

texto extraído do livro "Confissões de judeu em busca da brasilidade", no prelo.

Roberto Leon Ponczek
Enviado por Roberto Leon Ponczek em 20/04/2023
Alterado em 05/08/2023
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